Ano A - 4º Domingo do Tempo Comum

“O Senhor sempre cumpre as suas promessas;
ele julga a favor dos que são explorados!”

 Sl 146.6-7
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito, Advogado,
Luz dos corações
e Pai dos pobres.
Amor de Deus e Santificador da Igreja.
Dá-me a beber a água dos teus dons.
Minha alma é terra seca,
que não produz senão espinhos e abrolhos.
Fonte de água viva, inunda-me com tua torrente.
 Não permitas que eu vá
beber águas contaminadas.
Rega o meu coração no tempo da secura.
 Que o tédio não sufoque
e nem mate a vida que me infundes.
Vem Espirito Santo e plenifica-me.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 5.1-12

O Sermão do Monte
Cap. 5-7
1Quando Jesus viu aquelas multidões, subiu um monte e sentou-se. Os seus discípulos chegaram perto dele, 2e ele começou a ensiná-los.

A verdadeira felicidade
Lucas 6.20-23

Jesus disse:
3 — Felizes as pessoas que sabem que são
espiritualmente pobres,
pois o Reino do Céu é delas.
4 — Felizes as pessoas que choram,
pois Deus as consolará.
5 — Felizes as pessoas humildes,
pois receberão o que Deus
tem prometido.
6 — Felizes as pessoas que têm fome e sede
de fazer a vontade de Deus,
pois ele as deixará
completamente satisfeitas.
7 — Felizes as pessoas que têm misericórdia
dos outros,
pois Deus terá misericórdia delas.
8 — Felizes as pessoas que têm o coração puro,
pois elas verão a Deus.
9 — Felizes as pessoas que trabalham pela paz,
pois Deus as tratará como seus filhos.
10 — Felizes as pessoas que sofrem perseguições
por fazerem a vontade de Deus,
pois o Reino do Céu é delas.
11 — Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. 12Fiquem alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês. Porque foi assim mesmo que perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.
1. LEITURA
Que diz o texto? 
ü  Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…

Jesus vê a quem? Aonde foi? O que fez? O que fizeram seus discípulos? Qual é a palavra que Jesus repete de maneira insistente ao longo de seu discurso? Quantas vezes se menciona o Reino do Céu?

Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Gabriel Mestre [2]
O texto deste domingo é o “grande prólogo” dos capítulos 5–7 do Evangelho de Mateus. São as chamadas “bem-aventuranças”. Mateus 5 e Lucas 6 compartilham relatos semelhantes, ainda que com diferenças onde Jesus proclama solenemente aqueles que serão bem-aventurados. Trata-se de um gênero literário que aparece também, de forma mais abreviada, em outros versículos da Sagrada Escritura.
A primeira palavra de cada uma delas pode ser traduzida de diversas maneiras. Aqui, a versão da “Nova Tradução na Linguagem de Hoje” traduz como “felizes”. Além de “bem-aventurados” (que dá o título ao gênero literário), poder-se-ia também usar “benditos” e “ditosos”.
Trata-se da porta de entrada para o projeto de Deus para cada um de nós. Esse projeto consiste em ser “santo”, discípulo missionário do Senhor, e a chave é a alegria, a felicidade, a dita e o prazer. São as diretrizes que Jesus apresenta a seus seguidores. Tal como fez Moisés na encosta do Sinai, também o Senhor anuncia em um monte o estilo de vida que os convida a abraçar.
O interessante é que não encontramos um “felizes” porque gozam de boa saúde, ou porque têm um noivo, uma noiva ou uma mãe virtuosa, ou porque as pessoas falam bem deles… Não aparece saúde, dinheiro, poder ou prestígio, em resumo, abundância de bens (ou o medo de perder tais coisas). O que Jesus proclama é outra coisa: chama de “felizes” (noves vezes neste texto, mais o arremate final de “fiquem felizes e alegres”!) os que passam fome ou são pobres, ou se veem perseguidos. Este não é um discurso pronunciado por um pregador demente, que explora os sentimentos dolorosos de seu rebanho. São felizes mesmo que padeçam, não porque sofrem. Em certo sentido, as bem-aventuranças, tanto as que se referem às duras circunstâncias vitais (vv. 4-6 y 10-11), quanto as que aludem a atitudes virtuosas (vv. 7-9), colocam a ênfase no fato de uma recompensa que procede diretamente de Deus. Poderiam resumir-se de maneira bem simples: vocês são felizes porque Deus os ama e o Reino lhes pertence. E a chave é esta: a vida tem um sentido muito mais profundo do que aquele que vemos com os olhos. Para os que creem, a riqueza ou a saúde, ou o bom nome não são o critério para entender o que é a vida. Para os que creem, o que dá sentido à existência, mesmo desde a mais profunda obscuridade e em meio a grandes dificuldades, é o amor de Deus e sua misericórdia.

O que o Senhor me diz no texto?

Quando permitimos que Jesus faça parte de nossas vidas, talvez encontremos dificuldades de alienação ou de coerência com o mundo. Assim o mostrou Jesus, descrevendo uma série de situações difíceis e exigentes como caminho para a felicidade. Todos queremos ser felizes, ter a alegria de Deus, e isso nos vai custar destoar um pouco de nosso ambiente. Que estas palavras nos deem ânimo para continuar a divergir do mundo e a ser testemunhas da verdadeira felicidade.
São João Paulo II partilha conosco a seguinte reflexão: “’Bem-aventurados…’ São as palavras do ‘sermão da montanha’, com as quais Jesus quis delinear a essência da sua mensagem. Houve alguém que as qualificou como a ‘magna carta’ do Reino de Cristo. São palavras revolucionárias, porque propõem uma inversão radical dos ‘valores’, em que se inspira a mentalidade corrente: a dos tempos de Jesus não menos que a dos nossos tempos. A gente, de fato, teve sempre em grande conta o dinheiro, o poder nas suas várias formas, os prazeres sensuais, a vitória sobre o outro custe o que custar, o êxito e as honras do mundo. São ‘valores’ que estão situados, como se vê claramente, no horizonte circunscrito das realidades terrenas.
 “Jesus quebra este círculo limitado e limitador: dirige o seu olhar para as realidades que passam despercebidas à verificação dos sentidos, porque transcendem a matéria e se colocam, para além do tempo, no âmbito do eterno. Ele fala de ‘reino dos céus’, de ‘terra prometida’, de ‘filiação divina’, de ‘recompensa celeste’, e em tal perspectiva afirma a preeminência da ‘pobreza de espírito’, da ‘mansidão’, da ‘pureza de coração’, da ‘fome de justiça’ que não se exprime na violência, mas em suportar corajosamente a ‘perseguição’”.

Continuemos nossa meditação com estas perguntas:

Alguma vez me senti feliz? Jesus esteve presente em algum desses momentos de felicidade? Creio que se pode ser feliz em meio à dor e às dificuldades da vida? Por quê? Atrevo-me a romper os estereótipos por Jesus?

3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?

Tu nos chamas, nos convocas, nos chamas em comunidade a caminho.
A não ficar esperando que o Senhor passe ao lado,
pois o Senhor já passou e caminha adiante.
É preciso correr a seu encontro, é preciso buscá-lo
mesmo onde não pensamos…
Galileia,
a periferia daquele tempo.
Onde será a Galileia hoje em dia?
Aonde ir para não perder o encontro?
Em que lugar, junto a quem o Ressuscitado vive?
Tornando presente a vida do Reino.
Junto aos pobres, aos doentes, aos marginalizados
daquele tempo e de nosso tempo.
Maiorias empobrecidas, sedentes de um justo anseio.
Dá-nos, Senhor, o dom do discernimento,
Saber por onde e com quem
trabalhar hoje por teu Reino.

4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?

“Sou feliz quando tenho espírito de pobre: somente assim sinto que pertenço ao reino de Deus”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?

Durante esta semana, fixar-me-ei nas atitudes das pessoas que me rodeiam e descobrirei quem vive a felicidade que Deus dá a cada um por suas ações e situações.

“Minha alegria é cumprir sempre a santa vontade de meu Jesus, meu único e exclusivo amor. Assim, vivo sem medo; amo o dia e a noite igualmente”.
Santa Teresa do Menino Jesus